As duas folhas.

Esta é a história de uma pequena folha, que vivia em uma grande arvore.
Quando ela nasceu, percebeu imediatamente a presença das outras folhas, sentiu o calor do sol cariciar sua superfície e dançou junto com o vento e com todas elas.
Crescendo percebeu que na frente tinha uma outra arvore com muitas folhas, mas uma delas brilhava mais.
Ela a olhava o tempo inteiro, a observava dançando ao vento, molhando-se na chuva, resistindo ao granizo, se deliciando ao sol.
Passavam-se assim dias inteiros e ela não se cansava de olhar.
Ela não sabia que na outra arvore aquela mesma folha tinha enxergado na arvore da frente, no meio de mil folhas verde, uma. Mais brilhante, mais bonita, mais elegante de todas as outras. Era ela.
As duas folhas se olhavam a distancia se desejavam, pensavam uma na outra, todo o tempo e tempo todo.
Assim os dias foram passando, a primavera cedeu o tempo ao verão e com o verão vieram os temporais de veraneio.
Em um destes temporais aconteceu o fato.
O vento era forte, impetuoso. Tocava nos galhos das arvores uma música assobiante, que se insinuava entre as folhas e os galhos, assoprando e estufando tudo que tocava.
Os galhos das arvores se dobravam e se esticavam e as folhas se agarravam a eles resistindo como podiam. Neste vórtice as duas folhas finalmente se tocaram. E quando isso aconteceu, tudo em volta parou. As gotas de chuva desciam quase paradas, o vento não tocava mais sua musica, a luz parecia aparecer no meio das nuvens, e iluminar este momento, este átimo, este toque.
Desde então as duas folhas sabiam que os sentimentos eram recíprocos e isso cresceu mais ainda a angustia da distância.
Começaram a se questionar porque estavam amaradas ao galho, porque  não podiam voar como os pássaros, andar como os insetos ou somente cair como um fruto. Cair, sim cair era a solução. Sabiam que dai a pouco chegava o outono e com ele a liberdade, voar levadas pelo vento e conhecer tudo que tinha além do próprio galho.
E o outono chegou. Em um dia de muito vento, a primeira folha já marronzinha de idade se liberou do galho e começou a voar. A outra a viu e sabia que era agora o nunca. Se estendeu no vento e o vento a levou.
Começou a dança. O vento aumento, e brincou de roda e as fazia subir e descer e as folhas se divertiam a este movimento. Mas as duas se olhavam e queriam se aproximar. O vento entendeu e malvado as jogou uma longe da outra. Mas quando tudo parecia perdido chegou a chuva e as gotas de aguas começaram a cair rápidas e copiosas até formar pequenos riachos. Um deste pegou a primeira folha e a levou correndo em direção da outra.

E neste fluir de agua as duas folhas se juntaram e juntas passearam longamente por ruas, canais, rios até chegar no mar, onde navegaram para sempre felizes e contentas.

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